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Dilemas à parte, Charlie Brown Jr de Marcão e Thiago agrada no Best of Blues and Rock g2t39

Tributo comandado por guitarristas originais peca no que diz respeito a vocais, mas capricha no restante e faz o melhor possível para manter legado da banda p281y

15 jun 2025 - 01h20
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Charlie Brown Jr - Marcão Britto e Thiago Castanho
Charlie Brown Jr - Marcão Britto e Thiago Castanho
Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto / Rolling Stone Brasil

Músicos famosos e queridos pelo público nunca morrem. Permanecem, de certa forma, vivos por meio de suas obras. Resta saber: por quanto tempo tais criações também sobrevivem? E esta pergunta se responde através do trabalho em torno daquilo que se chama de "legado", algo que, aos trancos e barrancos, tem sido bem feito com Chorão e o Charlie Brown Jr. 523l31

O grupo teve suas atividades encerradas em março de 2013, quando o vocalista faleceu. Seis meses depois, o baixista Champignon também nos deixou, enterrando até mesmo um projeto com remanescentes, A Banca. Nos anos seguintes, cada músico seguiu sua vida enquanto a obra do CBJr pareceu ganhar novo fôlego, em especial nas plataformas de streaming. Hoje, trata-se da banda brasileira de rock mais ouvida no Spotify (de longe), com números de proporções similares em outras ferramentas, como YouTube e Deezer.

Uma espécie de reunião-tributo foi anunciada em 2019, com alguns dos músicos remanescentes e o comando nos bastidores de Alexandre Abrão, filho de Chorão e responsável por seu espólio. Três anos depois, outros integrantes se juntaram à iniciativa. Todos aqueles que haviam ado pela banda realizariam uma turnê comemorativa, com Egypcio (Tihuana) no vocal. Não durou: em meses, os guitarristas Marcão Britto e Thiago Castanho romperam com Abrão, com a dupla levando consigo os demais membros, e, devido ao uso do nome e marca, o caso foi parar na Justiça — com decisão, até o momento, favorável a Marcão e Thiago.

Independentemente de questões judiciais, o projeto comemorativo chegou aos palcos ainda em 2022 e, no geral, tem contado com boa recepção, já que é a única forma possível de manter o legado do Charlie Brown Jr vivo nos palcos. Hoje, a dupla de guitarristas — que também assume vocais ocasionalmente — é acompanhada por outros dois ex-membros do grupo original, os bateristas André "Pinguim" Ruas e Bruno Graveto, além de Rafael Carleto (voz) e Denys "Mascote" Rodrigues (baixo). E o sexteto foi escalado para abrir o sábado, 14, de Best of Blues and Rock, festival no Parque Ibirapuera, em São Paulo, diante de um público ainda modesto, mas que não demorou a se aglomerar quando percebeu a enxurrada de hits que viriam por ali.

Como qualquer outro projeto tributo, a versão do Charlie Brown Jr comandada por Marcão Britto e Thiago Castanho tem seus prós e contras, ainda que os pontos positivos se sobressaiam. E todos os "poréns", curiosamente, têm a ver com vocal.

Rafael Carleto é extremamente competente em sua missão — que, diga-se, não é nada fácil —, mas o fato de soar como Chorão, às vezes, incomoda e pode até relegar uma banda promissora a uma mera imitação. O vocalista, cabe ressaltar, fazia parte de uma banda cover antes de se juntar ao projeto; logo, está apenas fazendo muito bem seu trabalho. Mas é inegável: tal tipo de performance tira a pontinha de originalidade que Egypcio trazia em seus tempos na formação.

Há momentos em que Carleto não está diante do microfone principal, e isso nem sempre melhora a situação. Thiago cantou "Céu azul" bem abaixo da média e interpretou "Só os loucos sabem" de um jeito ligeiramente superior. Marcão, dono de timbre mais agradável, assumiu o vocal em "Como tudo deve ser" (e pareceu ter perdido o fôlego), "Só por uma noite" (entre altos e baixos) e em parte de "Tamo aí na atividade" (quando foi difícil ouvi-lo), ando a sensação de estar pouquíssimo acostumado a essa função.

Fora isso, tudo funciona impecavelmente bem. Embora Thiago tenha prometido à Rolling Stone Brasil um repertório mais pesado, o show seguiu padrão similar do que se tem visto em outras cidades, com foco nos sucessos, independentemente de fases, discos e se são pauladas ou baladas — e o público claramente aprovou as escolhas. A única música que não se encaixa nessa definição foi a surpreendente "So far away", faixa do álbum Tamo aí na atividade (2004) cantada em inglês. De resto, só hit, da abertura com "Papo reto" ao encerramento com "Proibida pra mim", estendida em seu fim tanto em reggae quanto em hardcore.

A formação com dois bateristas poderia acabar dando errado, mas André "Pinguim" Ruas e Bruno Graveto são donos de habilidade inconteste e fazem funcionar ao distribuir bem suas funções: enquanto um toca as linhas de forma completa, o outro apenas acompanha de modo básico, sem atrapalhar o colega. "Pontes indestrutíveis" e "Lutar pelo que é meu", por exemplo, trazem Pinguim como protagonista, enquanto "Zóio de lula" e "Só por uma noite" contam com Graveto no "front".

Nas quatro e seis cordas, tudo em ordem. Mascote caiu como uma luva após a saída de Heitor Gomes e Marcão e Thiago, guitarristas pra lá de subestimados, seguem não apenas entrosados, como também muito capacitados individualmente, seja em execução de riffs e solos ou na timbragem única de seus instrumentos.

Mesmo com pontos que ainda inspiram certa atenção, o show Charlie Brown Jr — Marcão Britto e Thiago Castanho é o que de melhor se pode ter do grupo encerrado em 2013. Mais ainda: a existência do projeto é necessária, visto que não há melhor forma de preservar o legado de uma banda tão importante do que no palco.

Setlist:

  1. Papo Reto
  2. Tudo que ela gosta de escutar
  3. Me encontra
  4. Pontes indestrutíveis
  5. Céu azul (Thiago no vocal)
  6. Hoje eu acordei feliz
  7. Lutar pelo que é meu
  8. Te levar
  9. Zoio de lula
  10. Como tudo deve ser (Marcão no vocal)
  11. Só por uma noite (Marcão no vocal)
  12. So far away
  13. Tamo aí na atividade (Rafael e Marcão no vocal)
  14. Só os loucos sabem (Thiago no vocal)
  15. Proibida pra mim

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