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Prédio Vazio é grito de ousadia do horror brasileiro contra o cinema domesticado 2n2nz

Novo longa do capixaba Rodrigo Aragão chega aos cinemas nesta quinta-feira, 12 de junho, trazendo Gilda Nomacce, Lorena Corrêa e Caio Macedo no elenco d4f4u

12 jun 2025 - 18h41
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Prédio Vazio é grito de ousadia do horror brasileiro contra o cinema domesticado
Prédio Vazio é grito de ousadia do horror brasileiro contra o cinema domesticado
Foto: Divulgação/Retrato Filmes / Rolling Stone Brasil

Após evocar cemitérios malditos em O Cemitério das Almas Perdidas (2020), cruzados hereges em As Fábulas Negras (2015) e caranguejos zumbis em Mar Negro (2013), o cineasta Rodrigo Aragão abandona o campo para encarar o concreto. 6c3x71

Em Prédio Vazio, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (12), o capixaba estreia no cenário urbano com um terror estilizado, alucinado e surpreendentemente íntimo. Ambientado em um edifício à beira-mar e quase desabitado em Guarapari, o filme é uma ode ao horror de cores berrantes, possessões demoníacas e corredores claustrofóbicos, mas também uma história sobre maternidade, abandono e corpos em mutação.

A mudança de cenário não suaviza o estilo de Aragão. Ao contrário: o que vemos aqui é a radicalização de uma linguagem que já vinha se afirmando como uma das mais autorais do cinema de gênero no Brasil desde que o diretor estreou em longas com Mangue Negro, em 2008.

Prédio Vazio troca o barro e os dentes apodrecidos por neon e canos enferrujados, sem deixar de ser visceral, destacando-o como uma obra rara, que ousa existir em um cenário contemporâneo cada vez mais pasteurizado, oferecendo uma experiência sensorial e ferozmente brasileira, com ecos demoníacos de Zé do Caixão. Há também referências a Suspiria (1977) nas cores saturadas, a REC (2007) no uso do espaço confinado, e até Possessão (1981), na fisicalidade dos corpos ensanguentados em descontrole. 

O prédio do título não está vazio à toa. Ele funciona como um espaço do delírio, um limbo de classe média decadente onde fantasmas do ado ganham carne. A protagonista Luna, vivida por Lorena Corrêa (Silencioso Desespero), retorna ao edifício em busca da mãe desaparecida após o último dia de Carnaval. Lá, encontra uma zeladora misteriosa (Gilda Nomacce, As Boas Maneiras) e um mal difuso, que transforma o concreto em carne pulsante. Aragão aposta nos efeitos práticos, sua especialidade, fazendo das sequências de violência um espetáculo à parte: do verniz corporal viscoso à coreografia dos demônios, tudo é feito com materialidade palpável, sem depender de computação gráfica.

Os atores mergulham no caos físico e emocional exigido por um terror que não dá descanso. A presença da veterana Gilda, reconhecida por muitos como um ícone do cinema de gênero brasileiro, é um acerto absoluto. Ela entra em cena como um furacão e imprime camadas à figura da zeladora que assombra os corredores, um tipo de espectro urbano, ferido por abandono, cuja performance ressoa entre o grotesco e o patético — no bom sentido. Seus olhares e seus trejeitos são de dar frio na espinha. A atriz está no auge da carreira — ou melhor, jamais deixou de estar.

Cru enquanto gênero, Prédio Vazio não é do tipo que se esconde atrás de metáforas envergonhadas. Ao contrário do que se vê em boa parte do cinema de terror dito "elevado", a novidade não tem medo de assumir suas origens. Não se desculpa por ser barulhento, sujo ou exagerado. Há quem possa dizer que isso o afasta de um lugar mais "sofisticado", mas é justamente essa coragem que o aproxima do coração do gênero. O filme soa honesto naquilo que propõe: entre um grito e outro, fala de luto, solidão e da violência cotidiana de prédios abandonados por famílias, pelo Estado e pela própria fé.

Com a nossa cara, Prédio Vazio é um grito de ousadia da produção brasileira diante de um cinema cada vez mais domesticado. Essa brasilidade está por todos os lugares e também nos detalhes: no peixinho frito e na cervejinha à beira-mar, nas carrancas no hall do prédio, na rodoviária feiosa, na reclamação do motorista de aplicativo etc., Aragão entende que esse reconhecimento de território não é obstáculo para o terror, mas sua força propulsora.

Em vez de copiar padrões globais, ele os confronta com uma estética e um regionalismo que assumem o barroco tropical como forma de expressão legítima do horror. Aragão não está apenas fazendo terror no Brasil, ele está fazendo terror do Brasil. E, com isso, segue expandindo os limites do que o nosso cinema pode ser quando decide não ter medo de assustar.

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