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'Não pude fazer meus filhos doutores, mas fiz deles profissionais honestos', diz artesã que começou vendendo cavalinhos de barro na feira aos 8 anos 355c4k

Conheça a história de Griceu Gonçalves da Silva, que transformou sua paixão em sustento em Caruaru, no Agreste de Pernambuco 61591x

10 jun 2025 - 04h59
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Resumo
Griceu Gonçalves da Silva, artesã de Caruaru, transforma barro em arte que celebra a cultura nordestina e a superação pessoal, destacando o papel das mulheres e sua trajetória de vida.
Por meio da arte, Griceu Gonçalves da Silva retrata sua trajetória de vida e celebra a cultura negra e nordestina
Por meio da arte, Griceu Gonçalves da Silva retrata sua trajetória de vida e celebra a cultura negra e nordestina
Foto: Gabriella Reis / Terra

Conhecida como a capital do Agreste, a cidade de Caruaru, em Pernambuco, tem o artesanato mais famoso do País. Por meio do barro, os centenas de artesãos da cidade se inspiram na arte de grandes mestres oriundos da região, como Vitalino (1909-1963) e Galdino (1929-1996), para representar a cultura nordestina e os acontecimentos de suas próprias vidas. Entre eles, está a caruaruense Griceu Gonçalves da Silva, conhecida como Dona Griceu. 5i4f42

Assim como vários outros do município, Griceu aprendeu a modelar com os pais, que também eram artesãos e feirantes, quando tinha apenas sete anos. Segundo ela, a mãe foi uma das primeiras feirantes da feira de Caruaru, o que até rendeu homenagens por parte da istração da cidade. Com oito, já vendia cavalinhos de barro e coletava o dinheiro para ajudar com o sustento da família. Aos poucos, foi desenvolvendo o próprio estilo. 

Em seu ateliê, que fica localizado em uma ruelinha da Avenida Mestre Vitalino, no Alto do Moura, é possível encontrar as várias peças de sua autoria. Todas inspiradas na cultura local, africana, cuja história ela tem paixão, ou em sua própria trajetória. Um exemplo é a “Mãe de Leite”.

Quando a visitamos durante o São João do município, que é considerado um dos maiores do Brasil, Dona Griceu estava sentada nos fundos da loja, trabalhando na peça. De acordo com ela, a negra sentada no topo da estrutura dando de mamar para um bebê existiu de verdade. 

“Eu era muito nova quando tive a minha primeira filha. Aí, eu não tinha leite. Eu ia fazer 13 anos. [Então] uma menina chamada Indaiá quem amamentou a minha filha. Ela ou 3 dias, depois foi embora. Eu sempre tive em mente fazer uma peça em homenagem a ela. Uns 10 anos depois [do ocorrido], criei a peça: a Mãe de Leite, a Indaiá. Ela nem sabe que ela é homenageada. Nunca mais encontrei”, relembra dona Griceu. 

Todas inspiradas na cultura local, africana, cuja história ela tem paixão, ou em sua própria trajetória. Um exemplo, é a “Mãe de Leite”.
Todas inspiradas na cultura local, africana, cuja história ela tem paixão, ou em sua própria trajetória. Um exemplo, é a “Mãe de Leite”.
Foto: Gabriella Reis / Terra

Na peça, ao lado de Indaiá, estão outras duas crianças, os filhos dela. “Ela teve gêmeos”, conta. “Eu faço as peças sempre inspiradas em algo importante”. No mesmo estilo, criou o fotógrafo, inspirado na imagem de um fotógrafo africano ao redor de crianças. Além deles, também tem namoradeiras, retirantes, músicos e, claro, Nossa Senhora. 

“Pra mim, é um grande orgulho [ser artesã]. Eu coloco um pedaço de barro tão simples e faço uma peça… Tem hora que eu fico assim: ‘Meu Deus do céu, foi eu que fiz">“Gosto de ensinar. Se vocês arem dois dias aqui, já saem artistas”, brincou. 

Dona Griceu trabalhando nos fundos da loja
Dona Griceu trabalhando nos fundos da loja
Foto: Gabriella Reis / Terra

A parede dos fundos da loja, onde Griceu trabalha, está repleta de certificados. Alguns de participação, outros de homenagens e mais alguns de cursos. Segundo ela, deseja representar a força da mulher nordestina. “Eu sou sempre chamada para todos os cantos, para levar peças. A gente tem a nossa exposição do grito daqui do Alto do Moura, que a gente representa muito o grito da mulher. E o que não falta é garra aqui, das mulheres daqui do Alto do Moura, que trabalham muito mais do que os homens”, diz, divertida. 

“Eu tive de crescer antes da hora. Então, eu não falo do valor financeiro. Pra mim, um dos maiores valores, troféu, certificado de tudo que já fiz nessa vida é isso aqui”, disse mostrando a loja. “Pra mim, eu venci nessa vida. Essas peças são meus amores. Eu amo tudo que eu faço”. 

  • A repórter viajou para Caruaru (PE) a convite de O Boticário. 
  • Terraiá 2025: a cobertura do Terra para as festas de São João tem patrocínio de Amazon.com.br
Fonte: Redação Terra
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